CARNAVAL 2012: MESMO O QUE PARECE PERFEITO PODE SER MELHORADO, JUSTAMENTE POR SER CONSTITUÍDO DE PARTES IMPERFEITAS.
Podemos
encarar os fatos que ocorrem a nossa volta com os olhos do leigo ou com
os olhos do especialista. Isso é antigo na avaliação dos fatos. O leigo
enxerga o óbvio e o especialista as nuances. Para o senso-comum se as
aparências indicam normalidade e harmonia, tudo então vai bem. Mas para
aquele de espírito inquieto, crítico e analítico, que não se satisfaz
com a mera aparência das coisas, que procura ver além desses limites, a
harmonia aparente das coisas não diz muito. Pois ele sabe que “a
perfeição é uma meta” que nunca se alcança e que não obstante é preciso
buscá-la constantemente. E para alcançar o inatingível é preciso fazer o
uso do sempre em tudo que é feito. Por exemplo, lembrar que na execução
de um plano os ajustes sempre existem. Ou se preferir sempre levar em conta o contexto histórico da formação social em que se está trabalhando. Ou ainda, que a dinâmica da sociedade o obriga a relativizar sempre etc.
Vejamos
então. O que se espera de um planejamento? Que atenda os objetivos
através do atingimento das metas propostas. Que seja executado com o
menor custo possível. Que aponte soluções futuras etc. Mas o que vemos
na prática é que quase sempre se tem desprezado ou relegado a segundo
plano a importância dos indicadores que serão utilizados em sua
avaliação final.
Se
há uma unanimidade em matéria de planejamento, ela reside no fato de
que ninguém espera que ele seja cumprido 100% do planejado conforme
planejado, e com bastante propriedade, isso implicaria uma realidade
estática, o que não é verdade, principalmente em se tratando da
realidade social que possui uma dinâmica difícil de precisar. Ademais a
operacionalização de um plano sempre se dará no “mundo da vida”. É aí
que as coisas acontecem, o palco onde se desenrola a trama social.
Atores sociais se digladiando para fazer valer a sua vontade. Nesse
sentido, nenhum planejamento poderá abarcar todas as variáveis e
possibilidades.
Para
entendermos o que se espera de um planejamento, o melhor que temos a
fazer é procurar ver o que não se espera de um planejamento. Quando
estamos elaborando um plano, por exemplo, optamos por determinadas
coisas e deixamos de fora outras tantas, dentre estas, uma série de
coisas que não queremos que interfiram no bom andamento do plano.
Conforme dito anteriormente, não há planejamento que não sofra reajuste
em sua execução, sempre há algo a se adequar ao contexto.
Tomemos
como exemplo o carnaval em Salvador. Um sucesso sempre, em todos os
sentidos, principalmente no que concerne à Segurança Pública, até mesmo
pela elevada experiência da PMBA. Neste caso podemos afirmar com
bastante segurança que o ainda elevado número de ocorrências
registradas, porém com significativa redução a cada ano, se deve ao
contingente policial mobilizado, resultando daí uma maior presença da
polícia, deixando-a mais visível aos olhos da população e inclusive aos
meios de comunicação de massa, enfim de toda a sociedade. O que reforça o
coro do sucesso obtido nas ações preventivas de Segurança Pública.
Entretanto,
mesmo os indicadores apontando uma boa atuação dos órgãos de segurança
do estado, os reajustes se fazem necessários ao longo do processo por
esta ou aquela razão. E a avaliação dos resultados também deve levar em
consideração essas variantes e, principalmente, devido ao fato de que os
próprios parceiros, durante o processo avaliativo, tendem a
apresentarem o que foi positivo em sua atuação, aquilo que merece
reajuste, não raro, fica restrito ao âmbito da própria instituição.
Portanto, quando se fala em sucesso, em bons resultados alcançados,
devemos lembrar que poderia ter sido melhor. E esse melhor passa
necessariamente pela melhoria de cada uma das partes envolvidas para que
haja uma melhora significativa em todo o macroprocesso. Esse é um
entrave que precisa ser melhor trabalhado. Como fazer com que os
parceiros se vejam e se sintam parte integrante de um processo ainda
maior em que todos estão envolvidos? É preciso que os parceiros tragam
também os pontos que precisam ser melhorados.
Como podemos avaliar a logística no âmbito da Segurança Pública, por
exemplo? Sabemos que ela é fundamental em qualquer campanha militar que
se proponha bem sucedida e efetiva, mas que só vai adiante se o
orçamento estiver compatibilizado no tempo necessário e no volume
correto, para não atrapalhar os procedimentos licitatórios visando
suprir as necessidades pertinentes, bem assim a estratégia, a tática e a
técnica a serem aplicadas. “Na guerra, é a preparação que faz a
diferença.” – escreveram Dunnigan & Masterson, em A Sabedoria dos Maiores Estrategistas – técnicas e táticas de guerra em administração. E
foram mais além ainda esses autores, para eles “o sucesso da atividade
militar decorre de uma série de atividades civis”, desse modo,
conhecendo bem essas atividades civis pode antecipar-se aos
acontecimentos e com isso, pode-se aumentar ainda mais a efetividade da
ação implementada. A logística é um dos pilares básicos de sustentação
da operacionalidade num evento como o carnaval – o maior emprego de
tropa em tempo de paz. Ela corre contra o tempo, os fatos não esperam e
vão se sucedendo, quanto mais demorada for a resposta a ser dada pelos
agentes de segurança pública, maior será a probabilidade de insucesso
devido ao exagerado número de improvisos que se é obrigado a
implementar. Em matéria de logística, nada de jeitinho, nada de
improviso, nada de estamos providenciando. O problema tem que ser
atacado de frente pelo bem do resultado que se deseja alcançar.
O carnaval do ano passado foi bem? Foi bem. Foi ótimo. Vencemos mais uma etapa, isso ninguém põe em dúvida. Mas
será que tudo foi realmente perfeito como preconizados pela mídia e até
por nós mesmo? Claro que não. Todos falamos bem porque os acertos foram
maiores que os erros e por isso mesmo o Carnaval foi um sucesso. Mas
fica aí registrado, mesmo o que parece perfeito pode ser melhorado,
principalmente por ser constituído de partes imperfeitas. Portanto, ao
darmos início ao planejamento do próximo carnaval devemos colocar na
pauta de discussões alguns pontos que nos parecem importantes: Como se
posicionar diante de tal fenômeno - ou seja, diante da síndrome do
sucesso total do carnaval? Como conciliar as coisas até aqui
inconciliáveis - “a marca do Zorro”? Como dizer verdades sem ferir
susceptibilidade, mesmo fazendo como ensina Paulo Coelho – “Antes de
lançar flechas de verdade molhe primeiro sua ponta num vaso de mel “?
Como vencer a barreira do orçamento – sempre fora de tempo? Como
registrar – fatos, ocorrências, processos, medidas adotadas etc. - para
não incorrer no mesmo erro no dia seguinte? Como
fazer com que os Blocos, Trios e congêneres atendam aos reclamos em
prol da segurança?... Tudo isso porque fomos vitoriosos nessa batalha
que foi o Carnaval 2011, e como merecido prêmio ganhamos o aumento da
responsabilidade para fazer do Carnaval 2012 um sucesso ainda maior.
Espera-se que pelo menos pensem também,nos policiais que trabalharão no evento,dando melhores condições de higiene,alimentação e remuneração.E todos os demais que ficarão sobrecarregados nas suas cidades por falta de efetivo...
ResponderExcluirVIVA A HIPOCRISIA !!!