A criação de Base Comunitaria de Segurança na Bahia, copiando na filosofia, as UPP do Rio de janeiro, vem crescendo. Depois da implantação no Calabar e Nordeste de Amaralina, teremos na proxima semana a instalação de uma BCS no Alto de Coutos, Suburbana. Ainda é cedo para fazermos uma avaliação dos resultados. A atuação mais presente da PM, a participação das secretarias estaduais de serviços sociais, da Embasa, Coelba e orgãos culturais vem trazendo uma sensação de segurança e participação socio cultural da comunidade. Para onde vão os marginais? como ficam os outros bairros? Não se pode "pacificar" Salvador de uma tacada só,por isso temos que valorizar tambem,os outros policiis, que não estão nas BCS, para que continuem atuando nas areas de suas Cias PM, obtendo tambem resultados diferentes, mas tambem positivos para a sociedade. Vejam a opinião de um sociologo sobre as UPP no Rio de Janeiro:
UPP: Unidade de Polícia Pacificadora ou um projeto de poder?

tenho 
acompanhado de perto a relação entra as UPPs e as comunidades que por 
elas são “atendidas”, o que possibilitou fazer uma leitura do que 
acontece e do que vai acontecer.
Primeiro gostaria de dizer que as
 UPPs estão fadadas ao fracasso. Após ouvir algumas teorias, que 
respeito muito, sobre as UPPs estarem sendo implementadas num “cinturão”
 privilegiado, visando a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, apesar de 
terem uma certa razão, acho sinceramente que o buraco é muito mais 
embaixo do que parece.
O primeiro passo de implementação da 
Unidade de Polícia Pacificadora é o anúncio acerca da Comunidade que 
será “pacificada”. Apesar de encontrar vozes contrárias a esta forma de 
atuação, acho que está perfeita, por evitar confrontos desnecessários, 
com possíveis balas perdidas e, muito provavelmente, banho de sangue. 
Ponto para SSP.
O passo seguinte deveria ser a criação de uma 
polícia comunitária autônoma da Polícia Militar, que trabalharia nas 
comunidades pacificadas em sistemas de rodízio – a cada 6 meses os 
integrantes trocariam de comunidades – minimizando, desta forma, 
possíveis “milícias”. Este ponto específico tratarei em um próximo 
artigo.
Mas o projeto não é esse. As UPPs são, antes de tudo, um 
projeto de poder, de controle de um espaço tradicionalmente submetido à 
opressão. Os novos Capitães, que comandam as UPPs são os novos “donos do
 pedaço”, em substituição aos traficantes que ali se encontravam. 
Autorizam bailes, mandam baixar o som dos moradores, escolhem as músicas
 que os moradores podem escutar, determinam horário e condutas pessoais,
 intimam e intimidam àqueles que tem uma opinião mais crítica acerca da 
função da polícia, como por exemplo o fechamento da rádio comunitária do
 Andaraí, pela Polícia Federal, sobre o pretexto de rádio pirata e 
atrapalhar o tráfego aéreo.
Nesse compasso, para o êxito do 
projeto, há apenas um entrave: a Associação de Moradores. Um arremedo de
 solução começou com a tentativa de associar os presidentes das 
Associações de Moradores ao tráfico de drogas, como ocorreu com Laéria 
Meirelles, presidente da Associação de Moradores do Morro da Formiga, 
que foi presa sob esta acusação. A partir da prisão da Laéria, alguns 
presidentes, quando se opunham às ordens dos Capitães, como me foi 
relatado, ouviam a seguinte “recomendação”: cuidado, presidente, lembra 
do que aconteceu com a Laéria? Infelizmente, alguns presidentes foram 
cooptados, seja por medo, seja por qualquer outro motivo, não oferecendo
 nenhuma resistência. Até quando?
Ainda na esteira de “comandar” 
também a associação de moradores, numa tentativa de acabar com oposições
 às políticas e críticas ao Governo, as UPPs informaram que vão 
organizar as eleições para as Associações de Moradores[1]. Embora pareça
 e, na minha opinião é, um golpe, ainda não garante o domínio absoluto 
do território, uma vez que o eleito pode não ser o da base governista ou
 pode mudar de lado.
Percebendo a fragilidade desta relação, o 
governo do Estado criou então a UPP Social, transferido para a 
Prefeitura, que consiste na criação de núcleos, um em cada comunidade, 
como uma “frente de trabalho”, para pesquisar às demandas necessárias às
 comunidades, fazendo a intercessão com as agências de serviços públicos
 e trazendo respostas às demandas. Cada núcleo, ou seja, cada 
comunidade, terá um”Gerente”, que é um funcionário do governo, no caso 
da Prefeitura, que será o novo responsável pelo articulação 
comunidade-demanda por serviços públicos.
Este trabalho tem como 
finalidade o esvaziamento das Associações de Moradores, usurpando as 
suas funções, deslegitimando suas lideranças e colocando em xeque a sua 
existência.
Assim, a comunidade, que já está tomada pelo poder 
armado do Estado, fica também controlada politicamente. O que significa 
tudo isso? Para que o Governo arquitetaria um plano tão maquiavélico? A 
troco de que? A resposta é a mesma encontrada pela CPI das milícias e 
divulgada pelo filme Tropa de Elite 2: dinheiro e, principalmente, voto.
 As UPPs, são milícias institucionalizadas pelo Estado, aceitas pela 
grande mídia e pela “sociedade”. As UPPs são, antes de mais nada, Um 
Projeto de Poder.
 
 
Jornal do BrasilLeonardo Martins
Advogado, especialista em Segurança Pública, pós-graduando em Sociologia Urbana