Em: Polícia e Política, Reflexão Autor: Danillo Ferreira
Sem fazer partidarismo ou campanha política – mesmo porque as insatisfações dos policiais brasileiros com a prorrogação da Proposta de Emenda Constitucional nº 300, a PEC 300, que estabelece o Piso Salarial Nacional para as polícias brasileiras, incide justamente sobre a figura alvo dos comentários deste texto – considero a foto a seguir uma das mais constrangedoras e chocantes que tenho visto:
Nela, a atual Presidenta da República, Dilma Roussef, aparece sendo interrogada na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro, após 22 dias de tortura por participação na resistência à Ditadura (1970), segundo o livro “A vida quer coragem”, que trata da história da governante. O plano de fundo se notabiliza por dois militares escondendo os rostos, sabe-se lá se para não serem reconhecidos na História, se para não serem vítimas de represália da resistência ou mesmo por vergonha do ato que realizavam. Tinham consciência da engrenagem indigna a que pertenciam?
A guerrilheira, sentada, olhar firme, impetuoso. 22 anos.
A cena pode influenciar diversas reflexões sobre poder, legalidade, justiça, política etc. Primeiro vale perceber como a história concede reviravoltas, neste caso, positivas, onde uma criminosa política torna-se mandatária maior de uma Nação que a escolheu inclusive por ter sido vítima de desmandos. Segundo, como o conceito de crime e infração está ligado ao contexto social e jurídico de cada época (daí porque é absurdo tentar abolir manifestações a favor ou contra legalizações ou criminalizações de determinadas práticas).
Terceiro, percebamos como o Estado armado, militares e policiais, podem ser postos em um contexto de perversões, desumanidades e ataques a direitos básicos. Nos dias atuais, ainda há quem mereça esconder o rosto, tal como fizeram os militares da foto. Lançados em uma lógica de desrespeito ao outro, utilizando a força legítima que lhe é concedida para atos arbitrários, ainda há policiais e/ou militares que não merecem ser mais do que a arma e a farda: não-pessoas, como fizeram questão de se tornar aqueles que esconderam seus rostos, expressão primária de identidade humana.
Cada um de nós, policiais e/ou militares, precisamos refletir sobre esta imagem, e nos perguntar: devemos ou não esconder os rostos? Somos ou não humanos?
Nela, a atual Presidenta da República, Dilma Roussef, aparece sendo interrogada na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro, após 22 dias de tortura por participação na resistência à Ditadura (1970), segundo o livro “A vida quer coragem”, que trata da história da governante. O plano de fundo se notabiliza por dois militares escondendo os rostos, sabe-se lá se para não serem reconhecidos na História, se para não serem vítimas de represália da resistência ou mesmo por vergonha do ato que realizavam. Tinham consciência da engrenagem indigna a que pertenciam?
A guerrilheira, sentada, olhar firme, impetuoso. 22 anos.
A cena pode influenciar diversas reflexões sobre poder, legalidade, justiça, política etc. Primeiro vale perceber como a história concede reviravoltas, neste caso, positivas, onde uma criminosa política torna-se mandatária maior de uma Nação que a escolheu inclusive por ter sido vítima de desmandos. Segundo, como o conceito de crime e infração está ligado ao contexto social e jurídico de cada época (daí porque é absurdo tentar abolir manifestações a favor ou contra legalizações ou criminalizações de determinadas práticas).
Terceiro, percebamos como o Estado armado, militares e policiais, podem ser postos em um contexto de perversões, desumanidades e ataques a direitos básicos. Nos dias atuais, ainda há quem mereça esconder o rosto, tal como fizeram os militares da foto. Lançados em uma lógica de desrespeito ao outro, utilizando a força legítima que lhe é concedida para atos arbitrários, ainda há policiais e/ou militares que não merecem ser mais do que a arma e a farda: não-pessoas, como fizeram questão de se tornar aqueles que esconderam seus rostos, expressão primária de identidade humana.
Cada um de nós, policiais e/ou militares, precisamos refletir sobre esta imagem, e nos perguntar: devemos ou não esconder os rostos? Somos ou não humanos?
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