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Eliane Cantanhêde
- A (falta de) segurança pública entrou e saiu da pauta nacional como um soluço.
A greve da
PM na Bahia, a tentativa no Rio e a ameaça de um apagão nacional das
polícias mobilizaram o governo federal, os governos estaduais, o
Congresso, a mídia.
Mas, com o
fim da greve baiana, o insucesso no Rio e o recuo nacional, não se fala
mais nisso. Chegou o Carnaval e todo mundo caiu na folia. Inclusive,
claro, os bandidos dos mais diferentes matizes e naturalidades.
Há no
governo, porém, quem provoque o Planalto, a Justiça e a Defesa para não
perderem totalmente o embalo e retomarem a discussão sobre segurança
pública já. De preferência, na Quarta-Feira de Cinzas.
Com a
redemocratização, todos os setores avançaram, mas a segurança andou
muito pouco. Ao contrário de toda a estruturação e a modernização de
conceitos, aparelhagem, formação e foco nas Forças Armadas, as polícias
continuam desarticuladas, mal treinadas, mal equipadas e, talvez até em
consequência, mal pagas. Pior: com diferenças absurdas de remuneração
entre Estados.
É hora de
um pacto federativo para discutir essa questão que, afinal, diz respeito
a todos os Poderes e é, literalmente, de vida ou morte para o cidadão. É
preciso uma polícia nacional permanente, o fim de duas polícias que não
se entendem nos Estados -a civil e a militar- e a unificação, mínima
que seja, na formação, na cultura, no treinamento, nos uniformes e nos
salários -que são, ora, ora, o mais complicado.
Isso tudo
para começo de conversa, a partir de uma constatação muito simples: pior
do que está não fica. E as greves deste fevereiro foram só um aviso. Os
policiais estão organizados (até porque a organização é da natureza do
ofício deles), já passaram por cima da lei uma vez e não terão problema
para passar outras.
Cá para nós, estão totalmente errados na forma, mas ninguém questiona que têm razão no conteúdo.
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