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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lugar da polícia é na rua









Mesmo com a maior proporção de policiais militares por habitante — um para cada grupo de 175,5 moradores — e os melhores salários pagos a policiais civis e militares no país, o Distrito Federal não consegue reduzir a criminalidade. Muito, em parte, pela excessiva quantidade de praças e oficiais lotados em gabinetes. Nesse cenário, uma proposta da Câmara Legislativa pode reduzir ainda mais o policiamento nas ruas da capital.
Caso a presidente Dilma Rousseff acate a minuta de medida provisória de autoria do deputado Patrício (PT) — ex-cabo da PM e presidente da Câmara Legislativa —, até 1,5 mil homens e mulheres deixarão de combater o crime diretamente. Na prática, ela permitirá a promoção de policiais, mas reduzirá o número de PMs com patentes mais baixas — maior parte do contingente nas ruas. O projeto também permite ao praça alcançar o posto máximo de tenente-coronel. Hoje, ele se aposenta, no máximo, como subtenente.
A proposta rachou a PM. Jogou praças contra oficiais. Mas em lugar algum está escrito que o oficial da PM não pode trabalhar nas ruas. Portanto, promoção não deveria significar a aposentadoria precoce da atividade-fim dos policiais. Afinal, ele apenas está sendo promovido, não deixando de ser policial.
No entanto, o atual governo mantém a prática dos antecessores de premiar os oficiais com bons cargos e gratificações na burocracia. Diariamente, o Diário Oficial do DF publica uma relação de PMs e bombeiros nomeados para cargos de natureza burocrática.
Também não é segredo para ninguém que, em geral, o oficial da PM faz um curso de três anos, mas só trabalha na rua enquanto é aspirante e segundo-tenente. Já na condição de burocratas, os oficiais ainda retiram da linha de tiro ao menos quatro praças. Geralmente, duas policiais para servirem como secretárias e dois PMs para carregar sua pasta ou celular. O mesmo ocorre com o Corpo de Bombeiros. Há soldado do fogo exercendo função de todos os tipos, menos a de apagar fogo.
O pior de tudo é que, em meio a toda essa discussão das promoções, ainda não apareceu proposta, de praça, oficial, Patrício ou qualquer outro distrital, para devolver a tranquilidade aos moradores, aos contribuintes que pagam os salários de toda essa gente.


publicado no Correio Brasiliense

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