PUBLICADO EM: COM A PALAVRA...
Continuação de Segurança Pública brasileira – um sistema falido (II)
Os
governos estaduais acusam o governo federal pelo aumento da
criminalidade nos grandes centros urbanos, principalmente aqueles
governos que não estão alinhados politicamente com o governo federal. As
principais queixas concentram-se no aumento do tráfico de drogas e
tráfico de armas, crimes que deveriam ser combatidos com mais afinco
pelas forças policiais federais. Por sua vez, o governo federal acusa os
governos estaduais pela falta de investimentos no setor e na geração de
emprego e renda. Sem dúvida alguma, essas queixas procedem e sempre
existirão enquanto não se definir um sistema de segurança com um único
responsável, um sistema onde o cidadão saiba exatamente a quem recorrer
diante de suas inquietudes.
Outro
ponto fundamental de desgaste do sistema estadual da segurança pública,
é a sua manipulação política, principalmente no interesse mútuo entre o
político e alguns membros deste sistema. Hoje, qualquer político, seja
ele no âmbito municipal, estadual ou federal, interfere nas ações
administrativas e operacionais das polícias. Existem até aqueles que
tratam determinadas categorias como “meus” (meus soldados – meus agentes
– meu delegado – meu comandante etc) sem contar o direcionamento de
viaturas e equipamentos, até fazem festas e comícios para entregá-los
nas cidades. Quem possui maior curral eleitoral ou influência política,
tem mais atenção do governo estadual, que lhes permite que digam que
conseguiram através de suas gestões pessoais, evidenciando que gozam do
prestigio perante os governadores.
Os
pedidos de políticos para transferências de policiais são em larga
escala no Poder Executivo estadual, alguns acham que facilitarão ou que
prejudicarão os seus interesses eleitoreiros, a permanência de
determinado profissional de polícia . Qualquer vereador de uma
cidadezinha distante possui esse poder sobre o sistema. Por outro lado,
existem situações em que o policial está realmente envolvido com os
compromissos políticos de alguém, prendendo, apreendendo ou liberando
pessoas ou coisas de interesse político de A ou B, visando ao seu
benefício pessoal. É um câncer que segue minando e destruindo aos poucos
os pilares de sustenção das instituições policiais em todo o território
nacional, a hierarquia e disciplina.
Esses
policiais que estão na mão do político, principalmente prefeitos que
lhes garantem benesses propositadamente – desde o fornecimento de
combustíveis para os seus veículos, como também, moradia e gratificações
pagas através de verbas que se pode mas não devem ser manipuladas,
burlando a fiscalização dos Tribunais de Contas – não estão
compromissados em fazer a segurança pública que idealizamos e aspiramos,
estão sim, compromissados com o seu interesse pessoal e a corrupção.
Defendo
a ideia de que só deva existir uma única polícia no país, com uma
cadeia hierárquica bem definida, com um comando central em Brasília,
subdividido em comandos regionais em toda a nação, aos moldes da Polícia
Federal e Forças Armadas. Esse modelo trará mais benefícios do que
prejuízos, tanto no campo operacional como também no administrativo.
No
campo operacional, o cidadão sabe exatamente quem é o único responsável
por cada localidade a ser policiado no território brasileiro, sabe a
quem recorrer e cobrar imediatamente, no atendimento às suas
necessidades de segurança. Por sua vez, o sentimento de ser o único
responsável, evidencia valores extrínsecos e intrínsecos inerentes ao
chefe, que o manterá ou o retirará do exercício da função de comando em
determinado setor policial. O comandante terá no mapa seus limites
territoriais de responsabilidade e será evidenciado o sucesso ou
insucesso de suas ações.
O
ciclo completo de polícia, hoje aspirado pelas forças policiais
estaduais, existirá e acabará com o argumento de que uma atua em cima da
falha da outra e a impunidade existe porque não existe investigação
criminal. Todos esses argumentos gerados pela concorrência dicotômica
deixarão de existir. O controle administrativo e operacional será mais
evidente.
No
campo administrativo, acabará com uma diversidade de preços de um mesmo
objeto, comum a todas as polícias de hoje, a exemplo das compras de
uniformes, armamentos, equipamentos de proteção individual, alimentação,
veículos, materiais de intendência etc. efetuados pelas Forças Armadas e
Polícia Federal. Sabemos que as compras efetuadas pelo sistema de
concorrência nacional e internacional reduzem expressivamente os gastos,
sobrando mais recursos que poderiam ser utilizados em outros setores,
além de dificultar a corrupção em processos licitatórios.
Outro
aspecto que se torna importante evidenciar é que possuiremos uma grande
força de mobilização nacional, com uma força policial bem capilarizada,
chegando em todos os rincões do país, com fluidez de mandos,
evidenciando não só que possuímos uma segurança pública democratizada,
como também, uma segurança pública de fácil mobilização em atuação
uníssona conforme os desejos e anseios nacionais. No caso de guerra
externa seria a responsável pela segurança interna do país e a quarta
força a ser combatida pelo inimigo declarado.
Muitos
defendem a municipalização das polícias, acham que através deste modelo
existirá a capilaridade e envolvimento das ações policiais. Na nossa
visão, só superdimensionará os problemas hoje existentes. Tomemos com
exemplo o modelo americano, onde existem centenas de corpos policiais
que não conseguem fazer frente às suas demandas de segurança pública,
principalmente do tráfico de drogas e armas, sem unidade de doutrina e
que brigam entre si. Já em alguns países da Europa e América Latina,
onde existe apenas um único corpo policial, os índices de criminalidade e
violência são baixíssimos. Existe nos Estados Unidos o pensamento de
reforma da sua segurança pública, alguns estados americanos, estão
unificando suas polícias e militarizando-as.
Por
outro lado, aquela situação de manipulação política dos corpos e
efetivos policiais será minimizada com este novo modelo de segurança do
Brasil. Sendo um corpo de responsabilidade federal, dificultará o acesso
administrativo e até mesmo dificultará através de sistemas impeditivos
legais para uma remoção de um membro dos seus efetivos de forma
injustificada.
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